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O propósito deste blog é compartilhar (e aprender) os desafios reais de se estruturar um centro de P&D no Brasil com foco em negócios.

8/02/2011

P&D? Por quê?

O mais importante para uma organização que deseja estruturar uma área de P&D é responder a pergunta título deste post: qual o meu objetivo. É fato (e bonito) que inovação tecnológica é uma estratégia primordial para as empresas obterem vantagens competitivas (assim já dizia Porter...) , mas o que isso significa?

No meu ponto de vista, a estrutura de P&D+I deve ter como objetivo gerar valor de negócio para empresa, que significa, indepedente do prazo (curto-médio-longo), dinheiro para os acionistas. Eu considero em minhas pesquisas três tipos de ganhos com P&D: (1) retorno monetário $ curto prazo (ex. venda de serviços de P&D) ou longo (ex. ganhos com novos produtos); (2) publicidade da marca – é atraente para os consumidores utilizar produtos de alta tecnologia $; (3) maturidade tecnológica e propriedade intelectual – também representam $ quando alinhados com a estratégia da empresa (o prazo de retorno depende diretamente da burocracia para se proteger os ativos intelectuais... – sem comentários por enquanto).
Para a empresa gerar valor de negócio com P&D ou Inovação, ela tem que compreender se é válido ter (e manter) um departamento de pesquisa ou se, simplesmente, pode organizar parcerias com instituições de pesquisas: universidades, por exemplo. Vejam bem (não quero colocar meu emprego em risco), só quero dizer que existem diversas formas para uma empresa crescer ou se manter no mercado, ela só tem que escolher a melhor maneira de organizar seu negócio. Mas, sei que não é fácil!
Além disso, existem vários tipos de “departamentos” de P&D, desde os laboratórios para desenvolvimento de novos produtos até áreas focadas em estratégia de mercado. Mas existem algumas responsabilidades que eu considero importante: gestão de projetos estratégicos de P&D+I (atividades de prospecção e vigilância tecnológica são interessantes); gestão de fomento a inovação e incentivos fiscais (é bom aproveitar os incentivos governamentais que temos no Brasil); gestão de parcerias tecnológicas (importante até para a divulgação da marca – em empresas de tecnologia); gestão de propriedade intelectual (para empresas de tecnologia que tem potencial de utilizar este conhecimento como estratégia de negócio).

Fico por aqui hoje, nos próximos posts poderemos conversar mais sobre esses assuntos.

2 comentários:

  1. Clarissa: acho que não conheço você, mas gostei muito de sua iniciativa de montar um blog sobre P&D&I. Trata-se, de fato, de algo ainda com características esotéricas, que atrapalham quem precisa de caracterizar o ser ou não ser, como o povo das agências governamentais que gerem instrumentos de apoio à inovação.
    Na ABNT estão tentando fazer normas não prescritivas sobre sistemas de gestão da inovação... O Júlio Felix, Presidente do TECPAR, é quem está à frente do processo... Participei dele no início, mas agora, que não mais estou em órgão público, não tenho mais condição de me deslocar para as reuniões da Comissão de Estudo.
    Os caminhos da inovação sempre foram bastante abertos, mas só agora se está procurando sistematizar algo com o conceito de inovação aberta... Porém, afora a notoriedade dos acadêmicos que montaram um modelo (ou modelito) para essa aparente "novidade", acho que tudo isso não tem trazido muita vantagem, em particular para o desenho de políticas públicas. Veja-se as dificuldades de gestão de instrumentos que criamos (participei disso, diretamente, pelo MDIC), tais como a subvenção (teimosia minha de incluir isso na Lei da inovação, que o MCT, na época, achava pouco "ético") ou os incentivos fiscais da Lei do Bem (sem terem as empresas que apresentar "projetos"previamente, o que agilizou o processo, mas introduziu uma insegurança jurídica: o que eu acho que é inovação, será que a Receita concorda, ou o MCT, numa avaliação a posteriori?

    Mas, seguramente, uma coisa que é crítica é a capacidade de gestão de uma empresa no tocante a inovação... Ainda por cima, se quiser interagir com outras empresas, institutos e centros de pesquisa, tem que saber gerenciar este sistema aberto, para fechar o que for preciso, dividir os louros e repartir desaires... Isso requer modelos de gestão, com aspectos jurídicos inerentes (até porque se oode estar falando de sistemas com integrantes de vários países) senão complexos, pelo menos novos.

    Bom! Tudo foi suscitado pelo seu blog... Acho que lhe será fácil, se quiser, encontrar-me na internet. Embora em Brasília, quase toda a semana vou a Sampa. Saudações candangas
    Manuel Lousada

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  2. Oi Lousada,

    Acho que nos encontramos em uma das primeiras reuniões da ABNT (tanto que ainda tenho seu cartão), participei de duas ou três como convidada. Na época você estava na FINEP, correto? Gostei muito dessas reuniões, foram bem instrutivas, mas, infelizmente, não pude acompanhar mais.

    Adorei seu comentário, principalmente as características esotéricas do assunto. Foi mais ou menos assim que me senti quando tentei propor um modelo de P&D que gere valor de negócio em minha qualificação acadêmica. Vou comentar isso com a minha orientadora :)

    No momento, estou vivenciando os desafios de estruturar a gestão de P&D dentro de uma organização com processos e regras bem definidas. Se isso já é complexo, imagino (se é que consigo) as dificuldades enfrentadas pelo governo para preparar instrumentos de incentivo a inovação. É um desafio! Mas acredito que estamos indo pelo caminho certo. E como disse hoje um colega meu de P&D, sem dúvidas, o setor P&D+I no Brasil está passando por um momento ímpar.

    Lousada, será um prazer encontrá-lo e trocar algumas idéias. Atualmente, estou no Rio de Janeiro, indo para SJC uma vez por mês e um pouco para SP. Quem sabe a gente não consegue marcar um almoço.
    Saudações cariocas (mas joseense de coração)

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