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O propósito deste blog é compartilhar (e aprender) os desafios reais de se estruturar um centro de P&D no Brasil com foco em negócios.

8/12/2011

Porque é tão difícil fazer parcerias que dão retorno?


Continuando o tema “ciência como negócio”, umas das questões que vem a nossa mente é: Porque com parceiros tão experientes nas competências que necessito não gera o ganho desejado?
Muitas vezes culpamos a visão de ciência como doutrina, onde o conhecimento gerado é o mais importante, não importa o custo e o prazo da solução (Para muitos casos, fico bem feliz que exista esta visão).  Mas para os negócios: ok, isso é um problema, mas de quem seria a verdadeira culpa? ? ?
É isso mesmo, nossa! Sendo gestores de projetos de pesquisa, nós somos responsáveis (ou deveríamos ser) por selecionar nossos parceiros de pesquisa de acordo com as competências e visão que precisamos. Como não percebemos antes o objetivo da pesquisa para o nosso parceiro?
Em meu estudo, levantei os principais desafios na literatura em se gerenciar uma área de pesquisa e inovação e, além dos problemas que já conhecemos (alto risco, retorno indefinido), os que mais me chamaram a atenção foram:  a incapacidade da empresa em definir projetos de P&D relevantes à sua área de negócio e a seleção e controle dos parceiros. A falta de uma agenda de pesquisa entre os próprios setores da empresa e desta com seus parceiros dificulta a gestão dos projetos. E o mais interessante é que essa literatura não é nacional.
Aqui no Brasil, não é diferente. Ex.: alguns setores da economia ainda têm a obrigação (através das agências reguladoras) de investir uma verba em pesquisa, mas nem sempre sabem contratar a melhor opção para o seu negócio. Se uma agenda de pesquisa fosse criada junto com o Planejamento Estratégico da empresa, ajudaria muito na seleção dos projetos de pesquisa.
Bom, uma primeira mensagem é que nós precisamos conhecer o negócio da nossa empresa e propor uma estratégia alinhada com a visão da empresa, a curto e longo prazo (isso porque outro problema levantado na literatura é  como balancear projetos de pesquisa de acordo com o prazo – assunto para outro post). É uma mensagem que todos temos consciência, mas não é facilmente implementada.
Eu posso relatar uma experiência que vivenciei: em um mesmo projeto tivemos uma parceria êxitosa e outra mais complicada. A complicada classifiquei como uma questão de time: tínhamos uma necessidade de realizar alguns testes avançados de software e fechamos uma parceria tecnológica muito estratégica para nós na época, só que o acordo foi fechado antes do inicio oficial do projeto (recebimento da verba FINEP) , e quando era a data para realizarmos os testes, estávamos na fase de requisitos do projeto ainda. Isso foi complicado para ambos os lados, pois existiam alguns pesquisadores que iam utilizar nosso projeto como estudo de caso em um artigo para uma famosa conferência de software. Neste caso, acho que utilizamos muito pouco potencial do que poderíamos ter realmente utilizado de nossos pesquisadores de software.
Já a segunda experiência, no mesmo projeto, foi a contratação de um pesquisador fera em engenharia naval (competência que a empresa não tinha). Foi bom para o projeto e, para futuras oportunidades de negócio que apareceram (se a Flávia Rezende estiver lendo isso, já sabe do que se trata ;) ). Dica: Só é importante alinhar o período de sua necessidade com o tempo de análise e resposta dos projetos pelas fundações universitárias.
É isso, espero que estes posts sejam úteis de alguma maneira para vocês ... (ou pelo menos serve para eu registrar minhas lições aprendidas)

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